Padre investigado por desvio de dinheiro afirma querer morte de envolvido em áudio
Investigado por desvio de dinheiro de fiéis doados à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), em Trindade, Goiás, o padre Robson de Oliveira afirmou a um advogado que a morte de um dirigente da entidade, Anderson Fernandes, envolvido em esquemas de suborno, seria conveniente a ele. A conversa entre o sacerdote e o advogado foi encontrada em áudios apreendidos pelas autoridades.
As gravações foram obtidas e mostradas pelo programa Fantástico, os áudios ainda indicam pagamento de suborno a desembargadores.
Em nota, a defesa do sacerdote afirmou desconhecer as mensagens e que elas são “frutos de montagens e adulterações feitas por pessoas inescrupulosas”. A nota ainda diz que o padre é vítima de extorsão e perseguição.
O dirigente envolvido na fala, Anderson Fernandes, afirmou em nota que o episódio era claramente uma brincadeira. Ele disse que Robson falava isso brincando com frequência, inclusive na frente dele. Anderson alega ainda que a gravação é claramente uma montagem e que está sendo utilizada de forma descontextualizada e errônea.
A presidência do Tribunal de Justiça de Goiás afirma que quanto ao suborno de desembargadores, não se pode presumir a ocorrência de irregularidades no julgamento de processos a partir de conversa mantida entre advogado e cliente.
Entenda o caso
Padre Robson era investigado na Operação Vendilhões, que cumpriu mandados de busca e apreensão em agosto de 2020, para apurar crimes como lavagem de dinheiro, apropriação indébita e falsidade ideológica nas “Afipes”, associações que movimentaram em torno de R$ 2 bilhões em dez anos. De acordo com a investigação, os valores desviados foram usados, entre outros fins, para a compra de fazendas, um avião e uma casa de praia.
O processo que investiga as supostas irregularidades está interrompido pela Justiça. O Ministério Público de Goiás já apresentou recurso no Superior Tribunal de Justiça, mas ele ainda não foi analisado.
Gravações
Com os áudios divulgados neste domingo (21), o Ministério Público de Goiás tem provas que reforçam o envolvimento do padre nos crimes. De acordo com a investigação, muitos foram registrados durante reuniões, que o padre costumava gravar secretamente.